Nos dias que correm é vulgar ouvirmos falar em normal e anormal: É normal que, quando está com gripe, a pessoa tenha febre; é normal que as raparigas se vistam de cor-de-rosa; é normal que os rapazes gostem de futebol… aquela pessoa está a coxear – é anormal –, o vizinho de cima está sempre a falar do mesmo – é anormal. Mas no fundo o que é isto de normal e anormal? Qual é o contrário de normal? Patológico?
Antes de mais, convém saber que o conceito de “normalidade” é um conceito estatístico. Face a uma determinada característica, digamos o peso de uma pessoa, verifica-se que a maioria das pessoas terá um peso relativamente igual ao da média da população, enquanto outras (menos) terão um peso ligeiramente superior ou inferior, e ainda outras (muito menos) terão um peso muito inferior ou muito superior ao da média da população.
O peso dito normal (ou médio de uma população) poderá não ser o mesmo em outras populações com características diferentes, como por exemplo a altura. O ser diferente da maioria da população é, talvez, motivo de estranheza no seio da mesma população, mas não é suficiente para considerar como patológico.
Em psicologia acontece mais ou menos o mesmo. As características psicológicas, são, de ma forma geral, partilhadas por todos nós… “de cientista e louco todos temos um pouco”. O ser diferente dos outros não é nem deve ser motivo para ser conotado como patológico. Quando essa diferença, pela sua magnitude e expressão, afeta o bem estar e a qualidade de vida do sujeito de uma forma significativa, ai sim, podemos começar a pensar em aplicar o termo de patológico.
No entanto, seja qual for o caso, é importante resistir à tendência de aplicar rótulos nas pessoas que nos rodeiam. A rotulagem, tão frequente, é não só uma defesa (conseguirmos tornar-nos superiores inferiorizando ou atribuindo características negativas aos outros), como também uma forma de evitar olhar para o outro como um ser semelhante mas com características próprias diferentes das nossas. Ser diferente não significa ser doente. Poderá até acontecer que aquilo que seja normal (isto é mais frequente ou comum) seja algo patológico. Por isso, por muito tentador que seja, tente resistir a catalogar os outros que o rodeiam, por mais que não seja, por respeito à diversidade humana.